Essa
história começa com muitos quilômetros rodados. Parte da equipe de Gente e
gestão da empresa que trabalhava na época estava no aeroporto no Rio de
Janeiro, a espera de um voo para uma cidade em Minas Gerais, com objetivo de
finalizar um processo de recrutamento e seleção muito específico. Eu e mais
duas outras profissionais nos preparávamos para 03 dias de trabalho intenso. E
isso sem contar na expectativa do voo, que tira a gente do sério! Iríamos do
Rio de Janeiro para Belo Horizonte e em seguida mais um voo para cidade
proposta.
Enquanto
aguardávamos a partida para Rio de Janeiro, meu telefone toca e o número
chamado é o da empresa. Atendo e fico alguns minutos calada e um tanto
assustada. E isso acabou gerando ansiedade nas outras duas profissionais que
estavam comigo. O que houve? O que aconteceu? Fala! Diziam as duas já nervosas.
E eu ainda na linha com outra pessoa da empresa. A notícia era de fato
surpreendente, pois não gerente administrativo da unidade, com muitos anos de
casa acabava de ser demitido e era o referencial de trabalho da equipe. Uma
pessoa muito querida e um profissional muito respeitado por todos. O que
poderia ter acontecido? A equipe quase toda em viagem (compras estava fora em
um evento específico RH, DP, Medicina do trabalho) e acontece uma demissão
completamente inesperada. Pedi um minuto à pessoa do outro lado da linha informações
que acabava de receber, para tentar tranquilizá-las um pouco (como se isso
fosse possível). Em seguida voltei a falar ao telefone para saber mais detalhes
sobre o ocorrido. E recebi novamente mais notícias difíceis:
- Olha
Flávia a demissão é fato e até já temos outra gerente.
Deus do céu!
Já tínhamos outra gerente? Como assim? Parecia tática de guerra! E para nosso
espanto inicial seria uma mulher. Até que este ponto não avaliamos como
negativo, pois ter uma mulher na gestão é uma excelente ideia! Mas seria tudo
muito novo para nós e como estávamos distante, só entenderíamos melhor após
retorno de nossa missão.
Eu ainda
estava na linha, pronta para me despedir e embarcar, quando a pessoa do outro
lado pediu que eu ainda não desligasse. Ainda tinha mais uma notícia para
passar para mim. E essa era de fato para meu conhecimento.
- Flávia,
está preparada?
Meu coração,
já que batia forte, quase parou de bater. O que seria essa bendita notícia tão
exclusiva para mim?
- Além de
tudo, disse a pessoa do outro lado da linha, a gerente é japonesa!
Para
tudo!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Não poderia acreditar. Além da sensação de perda,
associada à mudança radical, ainda seria uma japonesa? Sempre tive muito
preconceito em relação ao povo japonês e quem me conhece sabe muito bem disso. Sempre
achei um povo muito estranho, com costumes quase irreais de aplicabilidade em
vida. Um povo resignado, forte, sereno e cheio de objetivos. Que cuida da alma,
do meio onde vivem e respeitam e muito ao próximo.
E foi
através dessa oportunidade de convivência, que minha ficha caiu. Confesso que
passei dias tensos, só imaginando como seria essa relação diária. Contudo o
saldo foi positivo porque além de enxergar verdadeiramente a realidade passei a
admirar este povo de olhos tão apertadinhos.
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